Advogado Virtual? Juíza Interrompe audiência nos EUA após descobrir que "Advogado" era gerado por IA
Um caso inusitado chamou a atenção do meio jurídico internacional no final de março. Durante uma audiência na Corte de Apelações de Nova York, a juíza Sallie Manzanet-Daniels interrompeu a sessão ao perceber que o "advogado" que apresentava os argumentos não era uma pessoa real, mas sim um avatar criado por inteligência artificial (IA).
O que aconteceu?
O autor da ação trabalhista, Jerome Dewald, que estava representando a si mesmo, optou por usar um vídeo com um advogado virtual para expor seus argumentos. O avatar, um homem jovem e bem-vestido, começou a falar diante do painel de juízes, mas a magistrada rapidamente desconfiou.
"Espera, esse é o advogado do caso?", questionou a juíza.
"Fui eu que gerei isso. Essa pessoa não é real", admitiu Dewald.
Imediatamente, a gravação foi interrompida. "Não gosto de ser enganada", declarou Manzanet-Daniels, que criticou o autor por não ter informado previamente sobre o uso da IA.
A justificativa de Dewald
Em entrevista à Associated Press, Dewald explicou que não tinha a intenção de enganar o tribunal. Sem um advogado, ele usou a tecnologia para "se expressar melhor", evitando hesitações. Ele também afirmou que estava estudando o uso de IA no direito e até participou de um seminário sobre o tema.
No entanto, a juíza foi enfática:
"Você está sofrendo de alguma doença que te impeça de falar? Caso contrário, você não usará este tribunal para seus negócios".
Dewald então apresentou seus argumentos pessoalmente e, após cinco minutos, foi ouvido sem interrupções.
O debate sobre IA nos tribunais
Esse não é o primeiro caso de uso problemático de inteligência artificial no meio jurídico. Em 2023:
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Dois advogados foram multados em US$ 5.000 por incluir casos fictícios gerados por um chatbot em documentos oficiais.
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A equipe jurídica de Michael Cohen, ex-advogado de Donald Trump, também apresentou decisões falsas criadas por IA.
Por outro lado, alguns tribunais estão adotando a tecnologia de forma controlada. A Suprema Corte do Arizona, por exemplo, usa avatares de IA ("Daniel" e "Victoria") para explicar decisões judiciais ao público.
Conclusão: Inovação x Regulamentação
O caso de Dewald reacende o debate sobre os limites éticos e legais da IA na Justiça. Enquanto a tecnologia pode trazer eficiência, seu uso indevido coloca em risco a integridade dos processos.
A pergunta que fica é: como equilibrar inovação e regulamentação para evitar que situações como essa se repitam?
E você, o que acha do uso de IA em tribunais? Deixe sua opinião nos comentários!